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quinta-feira, 17 de julho de 2008

Professor Nunes Vicente.

(Imagem original daqui)
Deste Professor não possuo foto, mas sim a recordação de uma marotice que lhe fizemos!
Disse fizemos, porque não fui só eu que dela participei… foi a turma toda e bem caro nos saiu!

Decorria o mês de Maio de 1961, aproximavam-se os exames a passos largos.

Era ele o nosso Professor de Francês e como tal, achou por bem convocar a turma toda a fim de beneficiarmos de uma aula de apoio. Essa aula seria dada da parte da tarde, para não prejudicar as outras. Só que o calor era imenso, a vontade era nula e ele era tão antipático!

Sempre muito perfumadinho, bem penteado, moreno, de nariz adunco, estatura alta e muito balofo, andar bamboleante e sapatinhos de rede azul bebé… mas quando chegava a hora das chamadas, era endiabrado! Corria tudo a “medíocre”… excepto o Júlio Carrilho, que era o único em quadro de honra!

No entanto, quando chegou a hora da dita “marotice” pôs-se de parte tudo isso!

Ele e o Padre Valente, insistiram em que naquela bendita tarde – 8/6/1961 – deveríamos comparecer todos/as na antiga escola D.Francisco de Almeida, para esclarecermos dúvidas… se as tivéssemos! E se as tínhamos… nem é bom lembrar! Eu nem sei se hei-de postar esta parte da caderneta que deu origem a todo este imbróglio! Não, não vou, porque é um mau exemplo para os vindouros… que espero sejam muitos e bons.

Como estava descrevendo, às 15 horas lá estava a turma toda aguardando o professor e o Padre Joaquim Valente!

Às tantas… revoltámo-nos! Começámos a ficar impacientes e, com a espera, começaram a surgir as ideias mais esquisitas!

Até que alguém sugeriu: vamo-nos embora! Mas logo outro opinou: Não! Embora não!
Temos de presenciar a cara deles quando aqui chegarem e não nos encontrarem!

Mas como observar sem ser observado???

Local ideal: atravessámos a rua mesmo defronte da escola e debaixo de uma bendita maçaniqueira, toda ela rodeada de hastes secas espalhadas em redor, fruto de anteriores saques à mesma, ali nos ocultámos!

A vista era excelente, corria uma brisa fresquinha e o mais interessante… podíamos ir depenicando da árvore as benditas maçanicas e ficar toda a tarde roendo o caroço…

Ainda me recordo de alguns colegas: Ana Maria Pais Ferreira, a Elisa Pereira, o Júlio Carrilho - sempre preocupado que a atitude tomada não lhe viesse a afectar o Quadro de Honra – O Teófilo, O João Gonzaga e claro, eu!

Estávamos nós felizes da vida, contando anedotas e eis que se aproxima o Wolkswagen verde conduzido pelo Padre Valente acompanhado do Nunes Vicente! Já vinham atrasados! Sobem a escadaria da frente num ápice e toca de accionar a campainha por um pedaço. Como ninguém surgisse, lá voltaram para dentro e… novamente a campainha se fez ouvir, desta vez por um espaço de tempo bem bom!

E a turma toda camuflada por entre os arbustos que, de vez em quando, faziam seus estragos!

Eis senão quando o Padre Valente aparece à porta e atrás dele o "complemento directo"!

Fecha a escola, mete-se no carro e lá vão eles! E nós também saímos do nosso refúgio, com os bolsos das batas cheios de maçanicas, mas a consciência… essa maldita consciência… nada tranquila! Entretanto, para não desmoralizarmos íamos dizendo uns para os outros que não iria dar em nada… já que era uma aula extra!

E no dia seguinte lá estávamos para mais uma aula.

Entrámos para a mesma e lá começámos os nossos trabalhos totalmente tranquilos já que nada de anormal acontecera até àquele momento… só que o momento chegou e quando menos se esperava!

O Padre Joaquim Valente (até no nome!), dá entrada na sala de aula, pela porta interior com cara de poucos amigos! O coração saltava-nos do peito… podiam-se escutar perfeitamente as batidas… bum... bum… bum... bum… e pede a interrupção da aula à professora! O pessoal todo levantado, ele manda sentarem-se e, em breves palavras, solicita a todos os que tiveram falta de comparência à aula de apoio a Francês, o favor de colocarem os seus boletins de aproveitamento no canto superior direito da secretária onde estavam sentados… que ele dentro de 5 minutos regressaria à sala para os recolher!

O que é certo, quando a aula acabou, já estava em nosso poder o boletim de aproveitamento... com uma chamada de atenção, já que não podia atribuir falta a uma aula de apoio e instruções rigorosas para que no dia seguinte, no mesmo, teria que constar a assinatura do Pai e/ou Encarregado de Educação – sob pena de termos uma falta de castigo e ficarmos impedidos de assistir logo à 1ª. aula – e logo uma prova escrita!

O Júlio Carrilho foi obter a assinatura ao tio António, outros lá se arranjaram como puderam e eu… pobre de mim.. ouvi das boas da D. Bebiana Neves!

Lena Sousa