quinta-feira, 17 de julho de 2008

Como surgiu a ideia do blog.

Quando há uns anos nos reunimos em Fátima no encontro habitual dos alunos do Colégio, o Padre Valente pediu que nos juntássemos e fizéssemos um jornal sobre o Colégio. Neste último encontro a que assistiu, expressou a sua vontade em registarmos um pouco da história do colégio e que, de certo modo, representa também uma parte significativa das nossas vidas e das nossas raízes.
O Padre Luís, mais familiarizado com as novas tecnologias da comunicação, propôs que se fizesse um jornal on-line.
Julgo que está dado o primeiro passo, a criação de um blog que permite um maior dinamismo entre todos os que quiserem participar na sua construção.
A ideia do Padre Valente foi retomada este ano pelo Carlos Macôo que no almoço deste ano sugeriu a criação deste espaço. Prontamente o Jaime Gabão abraçou a ideia e disponibilizou-se para dar o pontapé de saída.
Bem-haja ! E aqui estamos nós a dar o nosso contributo e quantos mais, melhor.
Não podemos também esquecer que seria muito interessante o contacto com antigos alunos residentes em Moçambique que poderão promover o contacto com os actuais alunos do Colégio (que hoje certamente terá outra designação).
Reviver o passado mas pensando também o presente e o futuro.
Se cada um de nós der o seu contributo tenho a certeza que conseguiremos cumprir os objectivos desta iniciativa.
Assim que regressar de umas curtas férias (das quais estou bem precisada) voltarei, quem sabe com as ideias refrescadas!

Beijo
Guida Pires

Professor Nunes Vicente.

(Imagem original daqui)
Deste Professor não possuo foto, mas sim a recordação de uma marotice que lhe fizemos!
Disse fizemos, porque não fui só eu que dela participei… foi a turma toda e bem caro nos saiu!

Decorria o mês de Maio de 1961, aproximavam-se os exames a passos largos.

Era ele o nosso Professor de Francês e como tal, achou por bem convocar a turma toda a fim de beneficiarmos de uma aula de apoio. Essa aula seria dada da parte da tarde, para não prejudicar as outras. Só que o calor era imenso, a vontade era nula e ele era tão antipático!

Sempre muito perfumadinho, bem penteado, moreno, de nariz adunco, estatura alta e muito balofo, andar bamboleante e sapatinhos de rede azul bebé… mas quando chegava a hora das chamadas, era endiabrado! Corria tudo a “medíocre”… excepto o Júlio Carrilho, que era o único em quadro de honra!

No entanto, quando chegou a hora da dita “marotice” pôs-se de parte tudo isso!

Ele e o Padre Valente, insistiram em que naquela bendita tarde – 8/6/1961 – deveríamos comparecer todos/as na antiga escola D.Francisco de Almeida, para esclarecermos dúvidas… se as tivéssemos! E se as tínhamos… nem é bom lembrar! Eu nem sei se hei-de postar esta parte da caderneta que deu origem a todo este imbróglio! Não, não vou, porque é um mau exemplo para os vindouros… que espero sejam muitos e bons.

Como estava descrevendo, às 15 horas lá estava a turma toda aguardando o professor e o Padre Joaquim Valente!

Às tantas… revoltámo-nos! Começámos a ficar impacientes e, com a espera, começaram a surgir as ideias mais esquisitas!

Até que alguém sugeriu: vamo-nos embora! Mas logo outro opinou: Não! Embora não!
Temos de presenciar a cara deles quando aqui chegarem e não nos encontrarem!

Mas como observar sem ser observado???

Local ideal: atravessámos a rua mesmo defronte da escola e debaixo de uma bendita maçaniqueira, toda ela rodeada de hastes secas espalhadas em redor, fruto de anteriores saques à mesma, ali nos ocultámos!

A vista era excelente, corria uma brisa fresquinha e o mais interessante… podíamos ir depenicando da árvore as benditas maçanicas e ficar toda a tarde roendo o caroço…

Ainda me recordo de alguns colegas: Ana Maria Pais Ferreira, a Elisa Pereira, o Júlio Carrilho - sempre preocupado que a atitude tomada não lhe viesse a afectar o Quadro de Honra – O Teófilo, O João Gonzaga e claro, eu!

Estávamos nós felizes da vida, contando anedotas e eis que se aproxima o Wolkswagen verde conduzido pelo Padre Valente acompanhado do Nunes Vicente! Já vinham atrasados! Sobem a escadaria da frente num ápice e toca de accionar a campainha por um pedaço. Como ninguém surgisse, lá voltaram para dentro e… novamente a campainha se fez ouvir, desta vez por um espaço de tempo bem bom!

E a turma toda camuflada por entre os arbustos que, de vez em quando, faziam seus estragos!

Eis senão quando o Padre Valente aparece à porta e atrás dele o "complemento directo"!

Fecha a escola, mete-se no carro e lá vão eles! E nós também saímos do nosso refúgio, com os bolsos das batas cheios de maçanicas, mas a consciência… essa maldita consciência… nada tranquila! Entretanto, para não desmoralizarmos íamos dizendo uns para os outros que não iria dar em nada… já que era uma aula extra!

E no dia seguinte lá estávamos para mais uma aula.

Entrámos para a mesma e lá começámos os nossos trabalhos totalmente tranquilos já que nada de anormal acontecera até àquele momento… só que o momento chegou e quando menos se esperava!

O Padre Joaquim Valente (até no nome!), dá entrada na sala de aula, pela porta interior com cara de poucos amigos! O coração saltava-nos do peito… podiam-se escutar perfeitamente as batidas… bum... bum… bum... bum… e pede a interrupção da aula à professora! O pessoal todo levantado, ele manda sentarem-se e, em breves palavras, solicita a todos os que tiveram falta de comparência à aula de apoio a Francês, o favor de colocarem os seus boletins de aproveitamento no canto superior direito da secretária onde estavam sentados… que ele dentro de 5 minutos regressaria à sala para os recolher!

O que é certo, quando a aula acabou, já estava em nosso poder o boletim de aproveitamento... com uma chamada de atenção, já que não podia atribuir falta a uma aula de apoio e instruções rigorosas para que no dia seguinte, no mesmo, teria que constar a assinatura do Pai e/ou Encarregado de Educação – sob pena de termos uma falta de castigo e ficarmos impedidos de assistir logo à 1ª. aula – e logo uma prova escrita!

O Júlio Carrilho foi obter a assinatura ao tio António, outros lá se arranjaram como puderam e eu… pobre de mim.. ouvi das boas da D. Bebiana Neves!

Lena Sousa

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A minha caderneta escolar

(Clique na imagem para ampliar)
E hoje resolvi postar mais uma das páginas da minha caderneta, onde é visível o carimbo do Liceu António Enes de Lourenço Marques e os dois despachos nela exarados.
Naquela data, verificou-se a minha transferência para o Liceu Rainha Santa Isabel aqui no Porto, onde vim dar continuação aos meus estudos, também em ensino particular - O Colégio do Carmo - em Penafiel.
Uma pequena observação: O carimbo utilizado pelo Padre Valente, para autenticar a transferência e a data: 13 de Outubro de 1961. Foi a data do meu adeus a colegas, professores e a um colégio, onde muito aprendi!
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Lena Sousa

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Caderneta escolar.

Ainda sobre este tema, apesar de não a ter encontrado, o que me recordo é que a minha caderneta é exactamente igual a tua, Lena, passados 10 anos lectivos.
Havia muito conservadorismo e por isso nos lembramos tão bem de tudo.
Vou procurá-la e bem; deve estar nos confins da minha panóplia de livros, papéis, bilhetes, etc., etc....
Já cá volto breve!
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Leonor B.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A minha caderneta escolar.

Pois é Leonor. Eu bem te disse que regressando ao meu recanto bucólico, iria dar início às minhas buscas, tentando, a meu modo, valorizar este blog, que sendo pertença de todos aqueles que frequentaram o Colégio de S.Paulo, a participação de todos os que por ele passaram, será sempre bem vinda.
E olha o que eu fui descobrir???
Será que em 1970 ainda funcionava desta forma???
Para todos os efeitos, esta caderneta era a mais importante, já que nela eram atribuídas as notas que, posteriormente, eram comunicadas para o Liceu Pêro de Anaia da Beira, ao qual estava subordinado o Colégio Liceal de S.Paulo, que funcionava como ensino particular.
Mais tarde, pelos anos de 1960/61, passámos a estar ligados ao Liceu António Enes, este em Lourenço Marques, hoje Maputo.
Cá vai mais uma postagem, para memória futura!
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Lena Sousa

(Clique na imagem para ampliar)

domingo, 6 de julho de 2008

Pois, voltemos aos idos de 70.

Saudades...
Muitas...

Fiquei naquela parte em que o Sr. Padre Valente nos recebeu, à minha Mãe, M. João e Eu e lá nos acabámos de inscrever.

O que é certo é que havia Rapazes e seguiram-nos...
Achei divertido pois era algo a que eu não estava habituada porque em Portugal Continental insistiam que o género feminino e o género masculino estudassem em separado! Velha estupidez... ainda hoje me interrogo com o porquê disso??

Mas foi lindo!

A minha mãe seguiu para a Messe e eu e a João ficámos no recreio, ficando à espera que mais tarde nos viessem buscar o que aconteceu passada cerca de uma hora; ainda não havia aulas, mas O Sr. Padre Valente e as Irmãs deixavam que nós por alí andássemos, desde que sossegados e pelos menos em grupos de três... Conheci logo a Teresa Cruz de quem me tornei muito amiga e mais tarde iria estudar frequentemente para casa dela, portas com portas do Colégio! Ela também ia à messe para estudar comigo; muito mais tarde vim a saber que ela tinha ido para o Canadá e por lá ficou; nunca mais a vi... Tenho imensa pena disso...

Ora os "nossos" amigos rapazes não nos largavam; queriam saber novidades e apreciar as recém-chegadas moçoilas... Santa ingenuidade; pois naquele preciso momento houve logo um deles que me pediu namoro... e eu por acaso sabia o que era isso???? Se calhar nem ele sabia. Mas fiquei corada e muito envergonhada. Não respondi, falei muito com ele e fiquei a saber que naquele ano lectivo pertenceríamos à mesma Turma! Nunca mais vou esquecer os sapatos que ele trazia calçados... eram Lindos... Naquele momento parece-me que eu já via tudo lindo nele... Pequenota que eu era...

O ano lectivo começaria dentro de um mês e meio, mais coisa menos coisa!

Fiquei muito entusiasmada com tanta novidade e mais uma vez, repito, estava extasiada com a beleza do colégio e com a sua grandiosidade! Tinha uns jardins, na parte da frente muito bem cuidados com belos arbustos verdes e muita florinha cheias de côr...

No entanto, explicaram-nos que ali aprendia-se a estudar a valer e eu iria ter oportunidade de verificar isso!

Saudades...
Muitas...
- Leonor B.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Recordando o Padre Joaquim Valente

O Colégio Liceal de S.Paulo foi um verdadeiro exemplo de união entre alunos e seus professores.
União essa que se foi consolidando através dos tempos até aos dias de hoje.
Assim, anualmente, reunem-se num almoço de convívio em Fátima, para recordar os que entretanto já nos deixaram, através de uma missa celebrada pelo Padre Luís Marques.
Este ano foi lembrado o nosso saudoso Director o Sr. Padre Joaquim Valente, que entretanto faleceu, pouco tempo antes. Era, no tempo em que frequentei o Colégio, nosso professor de Religião e Moral e Canto Coral.
Após a celebração da missa, passa-se para a sala de convívio onde é servido o almoço e onde, entre uma sopa ou uma garfada de arroz, vamos trocando palavras, revivendo aventuras, algumas bem felizes, outras nem tanto, vamos sabendo do paradeiro deste ou daquele colega que entretanto está ausente e assim vamos matando as saudades.
E para se matar as saudades, vão-se registando para a posteridade, algumas fotos bem giras!
Também no passado e pelo aniversário do nosso Director e Professor Padre Joaquim Valente, os antigos alunos preparavam-lhe sempre uma agradável surpresa.
Surpresa essa que consistia em reunirmo-nos todos já nas novas instalações do Colégio, onde debaixo de um sigilo enorme,tendo geralmente como cúmplices a professora Dra. Maria do Carmo Sequeira, entre outras, cada uma das alunas confeccionava um salgado ou um bolo e os rapazes participavam com as bebidas, que geralmente eram sumos de frutas ou a tradicional coca-cola.
A mesa era posta num dos salões decorados para o efeito e, após a concentração de todos os alunos, o Padre Joaquim Valente era chamado a participar!
A seguir passo a colocar uma das fotos que conservo num dos meus albúns, precisamente quando o grupo dos antigos alunos cantava "Os parabéns a você", enquanto que o aniversariante, com o seu olhar sempre perspicaz , estava pensando no seu discurso!
Claro que a seguir às suas breves palavras, tinha sempre que soprar as velinhas!
E a foto seguinte, fala por mil palavras!
De seguida vinha a parte menos formal!
Quando todos nos juntávamos, de mãos dadas, fazendo rodinhas ao som da música vinda de um gira-discos e rodopiando pela sala, numa alegre confraternização que durava até que chegasse a horinha do recolher!
Nesta foto, dá para ver, ao centro, as alunas mais velhas segurando as mãos umas das outras, enquanto os mais jovens se passeavam por entre nós, rodopiando ao som da música.
Saudades de um tempo maravilhoso!